terça-feira, 7 de agosto de 2012

Sobre a Ética da Alimentação Vegetariana
e a Importância da Razão no Processo Evolutivo

Tales Elias Lima


um retrato de Leonardo da Vinci

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Diz uma frase atribuída a Leonardo da Vinci.

“Chegará um dia em que o homem conhecerá o intimo de um animal, e nesse dia, ele verá que todo crime contra o animal será um crime contra a própria humanidade.”

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A ciência, ao recorrer à razão, tem um importante papel na formação de uma sociedade mais fraterna e justa. Com o uso correto da razão – voltada para o bem coletivo – pode-se estabelecer um conjunto de diretrizes que dão base de sustentação para a sociedade que almejamos viver.

Porém, qualquer conjunto de diretrizes será sempre o passo seguinte – os frutos – ao dado anteriormente por um grupo menor de indivíduos que transcenderam a mente concreta.

A teosofia original, não apenas antecipou o que a ciência viria a descobrir séculos mais tarde, mas verdadeiramente contribuiu de forma pioneira para que “descobertas” desse tipo fossem possíveis.

Uma sobrinha de Albert Einstein afirma que uma cópia de A Doutrina Secreta de Helena P. Blavatsky estava sempre presente na mesa de trabalho de seu tio [1].

Assim como Einstein, muitos outros cientistas e físicos, filósofos e pensadores, ativistas e reformadores, escritores e artistas tiveram um contato mais ou menos direto com a teosofia original do final do século XIX.

Daí a importância em se alcançar a real percepção das coisas, ou ao menos buscar ampliá-la consideravelmente.

A mente objetiva não pode perceber a unidade entre ela mesma e os demais seres, simplesmente porque essa unidade não existe no plano objetivo. A unidade só pode ser percebida quando a mente concreta se tonra permeável as emanações do principio búdico superior impessoal.

Como diz o ditado popular, devemos aprender seja pelo amor, ou pela dor.

Sob esse ponto de vista, quanto mais elaborada e intrincada são as leis de uma nação, maior o sinal de decadência moral e ética da sociedade sobre a qual ela legisla. Nesse caso, a lei serve como a razão, que determina que aquele que não dominar seus desejos mais obscuros e instintos inferiores, deve sofrer determinada punição.

Obviamente que não devemos nos enganar achando que na sociedade do futuro não existiram leis que procurem coibir determinado tipo de comportamento. Porém, as leis certamente se tornarão tão refinadas quanto à consciência coletiva do povo a qual ela se aplica.

A ética da alimentação vegetariana não beneficia apenas o animal que tem sua vida poupada, mas sim a vida sob todas as suas formas.

Se levarmos em consideração a lei da interdependência, então, o beneficio de uma vida harmônica entre os seres no planeta Terra se estende muito além do sistema em que vivemos.

Dessa forma aquele que pretende ajudar ao próximo e cultiva o habito de se alimentar da carne animal poderia pensar na reformulação do seu cardápio.

As possibilidades de uma civilização que vive mais e melhor, que erradicou a fome, que gasta menos com saúde - podendo investir mais em reforma agrária, educação e cultura - são ilimitadas.

Como mostra o artigo de Carlos Aveline [2], o habito de consumir carne animal é sempre um mau negócio, seja do ponto de vista dietético, econômico, demográfico ou energético.

Muitas pessoas - algumas bem intencionadas - por estarem demais preocupadas com questões que dizem respeito à satisfação momentânea, sequer pensam que essa é uma questão a ser levada em consideração. No entanto quem tem consciência do ciclo de crueldade que mantém tal negócio não deveria conservar velhos hábitos, seja por comodismo ou falta de determinação.

“E como se dá esse processo rotineiro? Vejamos um exemplo.  

Os animais viajam centenas de quilômetros de pé, sem água ou comida, apertados na carreta de um caminhão. Ao chegar,  ficam de dois a quatro dias no pátio do abatedouro ―  recebendo apenas água. Na hora do sacrifício, os animais são forçados a entrar em um longo corredor estreito. São tomados pelo desespero, e tentam fugir de todas as formas. No final do corredor, uma das maneiras mais usadas de matar começa com um golpe de marreta na cabeça. O animal fica tonto, perde as forças e cai com os olhos abertos, mas é suspenso por um guindaste atado às patas traseiras. Às vezes já está se recuperando do golpe e debatendo-se pela liberdade quando é definitivamente degolado. Seus olhos se esvaziam; o olhar ainda está lá, mas a vida atrás dele retira-se.” [3]

Na abertura em um recente debate em Melbourne na Austrália, Philip Wollen alerta: “O mundo tem o suficiente para todos nós, mas não o suficiente para alimentar a ganância de alguns.”[4]

Notas:
[1] Ver o livro “Helena Blavatsky” de Sylvia Cranston, Ed. Teosófica, p. 474 e nota 22 da parte 7 na página 651
[2]"A Ética da Alimentação Vegetariana" - Carlos Cardoso Aveline - http://www.filosofiaesoterica.com/ler.php?id=224#.UCAJ2fZlQr0 .
[3] Ver referência anterior.
[4] Philip Wollen é o idealizador do Projeto “Winsome Constance Kindness Trust”; uma iniciativa global cuja missão é "promover a bondade para com todos os outros seres vivos".

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